terça-feira, 6 de julho de 2010

Breve biografia de Maria do Carmo Brito - Parte II

Em Argel, Maria do Carmo se encontra com as maiores lideranças de esquerda do país, como Apolônio de Carvalho e Miguel Arraes, este guardião de parte do dinheiro do cofre do Adhemar. Na Argélia Maria também reencontra um antigo companheiro do COLINA, Angelo Pezzuti, em poucos meses, já como um casal, eles migram para o Chile.

Em Santiago o casal é envolvido nas conspirações do Cabo Anselmo, e acabam sendo perseguidos por parte da esquerda no exterior por quase um ano. O casamento deles não resiste a tamanha pressão, logo após o nascimento de seu primeiro filho, Juarez, eles se separam, poucos meses antes do golpe do Chile, que derrubou o presidente Salvador Allende.

Depois do golpe, Maria do Carmo exilou-se primeiro no Panamá depois na Bélgica e posteriormente em Portugal, em oportunidade da revolução dos cravos. Agora já casada com Chizuo Osawa, o Mário Japa (celebre guerrilheiro da VPR de Carlos Lamarca) eles vivem intensamente o processo de redemocratização português, Maria trabalha no projeto de mobilização e organização popular proposto pelo ministério da comunicação.

No ano seguinte partem para Angola, recém independente de Portugal. Vivem lá por dois anos na construção do país e na estruturação dos movimentos sociais, Maria do Carmo viaja por toda Angola como educadora popular. Retornam a Portugal em dezembro de 1977, depois do agravamento do golpe angolano. Em setembro de 1979, retornam ao Brasil com a anistia.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Breve biografia de Maria do Carmo Brito - Parte I

Mineira de Belo Horizonte, Maria do Carmo desde cedo participou de processos de
mobilização social, nesta época ainda ligada a juventude católica em Minas Gerais. Em 1962 se casou com Juares de Brito, companheiro de luta, e colega na faculdade de ciência sociais da UFMG. No golpe de 1964, integrava a POLOP (Política operária) junto com Juares, que acabou sendo preso em Recife, após a sua libertação, a família se muda para o Rio de Janeiro.

Maria do Carmo assume a identidade da irmã Magda, falecida ainda na infância,
continua sua graduação em ciências sociais na Universidade Federal Fluminense e trabalha na enciclopédia Larrouse dirigida por Antônio Houaiss e tendo como colegas figuras como Paulo
Francis e Otto Maria Carpeaux.

Maria e Juares continuam na militância dentro da POLOP até o
final de 1967, quando junto com outros companheiros fundam o COLINA (Comando da Libertação Nacional) que tem forte base em Belo horizonte e no Rio de Janeiro. No início de 1969 se fundem com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e dando origem a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares).

Nesse momento, Maria do Carmo já exerce grande papel de liderança dentro da organização, e participa junto com Juares da elaboração da que ficou conhecida como a maior ação de expropriação financeira já executada por uma organização guerrilheira no mundo, o roubo do “cofre do Adhemar” (Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo, do slogan “rouba, mas faz”).

Depois da ação a VAR-Palmares se divide, dando origem a nova VPR, comandada por uma tríplice composta por Maria do Carmo Brito, Ladislas Dowbor e Carlos Lamarca. Maria do Carmo se torna a primeira mulher a ser uma organização guerrilheira na America Latina.

Em abril de 1970, Maria do Carmo e Juares são emboscados pela polícia no Rio de janeiro, ele é morto e ela é levada a prisão. Após três meses no cárcere sendo barbaramente torturada, Maria do Carmo é banida do país, junto com outros 39 companheiros trocados pelo embaixador da Alemanha, que recebem asilo político na Argélia...

No próximo post a segunda parte desta breve biografia de Maria do Carmo Brito